Testes de acessibilidade, como podemos melhorar?
No Brasil, aproximadamente 24% da população possui algum tipo de deficiência, e se pensarmos na quantidade de pessoas idosas, chega a 13% da população brasileira. Também podemos citar problemas como daltonismo, que afeta 8,5% da população masculina mundial e 0,5% da população feminina. Ao pensarmos que todas essas pessoas devem ter os direitos iguais aos nossos, acessar seus aplicativos, fazer compras online, utilizar o Instagram e até quem sabe jogar um pouco em seu celular, mas ainda negligenciamos muito em nossas suítes de testes e como podemos mudar isso?
Coloco abaixo algumas dicas e insights de como podemos auxiliar nessas mudanças.
Antes do teste
Desde o início do projeto, tanto para web quanto mobile, devemos acompanhar alguns pontos de desenvolvimento:
- Aplicação do conjunto de tags ARIA.
- Títulos nos links.
- Tag ALT nas imagens com descrições coerentes sobre a imagem.
- Sistema de alto contraste no site.
- Aumento e decremento de fontes.
- Responsividade dos componentes.
- Tamanho de componentes.
- Áreas de cliques.
- Teclas de acesso (Atalhos).
Na automação para WEB, o que podemos fazer?
Na automação podemos fazer asserts buscando as tags referenciadas acima, para validação do conteúdo, assim como testes de background e fontes para mudança de alto contraste do site.
Abaixo segue um exemplo de uma validação usando selenium com java, buscando o atributo alt da imagem e validando o conteúdo.
Também podemos utilizar os testes de regressão visual para quebra de texto em botões ou elementos da tela, para garantia total quando usado o site/portal com algum tipo de lente de aumento. Testes de regressão visual consistem em testes para identificar o mínimo desvio de alteração nas telas do seu sistema. Algumas ferramentas que podem ser utilizadas:
Na automação para MOBILE, o que podemos fazer?
Assim como na web, para desenvolvimento de aplicativos também podemos colocar algumas tags de acessibilidade, que para iOS podemos chamar de Accessibility Identifiers (Label, Hint e Identifier) e em Android temos android:importantForAccessibility e o android:contentDescription e esses são os principais elementos que podemos utilizar para automação. Estas tags podem estar em botões, campos de textos e até imagens e são utilizadas por uma ferramenta nativa de leitura de tela que cada plataforma possui.
Então, na automação podemos fazer um simples assert:
iOS (XCUITest):
Android (Espresso):
Além das descrições de elementos e imagens, também podemos utilizar validações em carrossel de imagens, testando as imagens próximas e anteriores. E por fim também podemos fazer testes de regressão visual para apps, podemos utilizar o Applytools para Android .
Para MANUAL, MOBILE e WEB, o que podemos fazer?
Para o teste manual, infelizmente e felizmente, Android detêm a maioria das ferramentas, o indicado para iniciar uma suite de testes manuais de acessibilidade e saber as barreiras do seu app, você como testador ou analista, utilizar as ferramentas de acessibilidade que as plataformas disponibilizam, tais como: Tamanho da Fonte, tamanho da tela de exibição, Ampliação/Lupa, Correção ou inversão de cor, Acesso com interruptor, entre outras ferramentas. Estas ferramentas e experimentos podem ser realizados para as duas plataformas, ainda contando também com os leitores de telas.
Para web, em nossa construção da suite de testes podemos utilizar o Web Content Accessibility Guidelines, para ter informações complementares sobre o assunto.
Para Android, existem duas ferramentas muito legais que são o Scanner de Acessibilidade e o Relatório de pré-lançamento do aplicativo, que pode ser encontrado ao publicar um aplicativo.
Outras formas bacanas é fazer grupos focais de 30 minutos (como dinâmicas), e aplicar uma bateria de testes simulando tais empecilhos ao uso do app ou web, ou quem sabe o melhor caso, manter um grupo de pessoas que tenham alguma deficiência, para testar e coletar feedbacks.
Conteúdos complementares
Lembrem-se sempre: A web melhor começar por nós. Até a próxima
